Monique Ferbek
Com o tema “Educação do Campo e Movimentos Sociais: Práticas Pedagógicas para a Emancipação dos Sujeitos”, foi realizado um seminário no último sábado (18), com a presença de agricultores, lideranças comunitárias, professores e estudantes de vários municípios. O encontro aconteceu no auditório da Escola Mariano Ferreira de Nazareth
Representantes de Domingos Martins, Marechal Floriano, Cariacica, Santa Teresa, Alfredo Chaves, Guarapari, Vitória, Vila Velha e Serra participaram do evento, iniciativa dos estudantes de Domingos Martins que fazem o curso de Licenciatura em e Educação do Campo da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes). O trabalho foi orientado pelos professores doutores: Alessandro Silva Guimarães e Elizabete Bassani.
Iniciando as atividades, foi realizada uma reflexão envolvendo a terra e os frutos nela produzidos pelas mãos camponesas, o que deu o tom da temática para abrir os trabalhos do dia. O primeiro palestrante, Raul Ristow Krauser, representante do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), falou sobre modelo de produção capitalista e os desafios da agricultura camponesa na visão do MPA. “O sistema atual que mercantiliza tudo e todos, leva os agricultores a uma dependência do mercado, tanto no consumo de produtos, quanto na venda de sua produção. Na hora em que os agricultores vão comprar no mercado tem que pagar o preço que o mercado estabelece, e quando vão vender sua produção, não são eles que determinam o preço, ficando refém dos atravessadores”, ressaltou.
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“Historicamente, ao campo foi definido três funções básicas: gerar divisas, mão-de-obra e consumir mercadorias. A padronização que o atual modelo impõe sobre os trabalhadores, um padrão de consumo que desconsidera os costumes, os saberes e as tradições, o jeito de ser e de viver das comunidades camponesas. Existe uma diferença entre o modo camponês de produção e o modelo do agronegócio” completou Krauser em sua explanação.
Importância da Educação do Campo
Para a professora e coordenadora do Curso de Licenciatura em Educação do Campo da Ufes, doutora Drª Dulcinea Campos Silva a educação deve estar baseada na realidade da comunidade. A educação descontextualizada da realidade dos camponeses não servirá de nada para eles. “Precisamos entender a realidade na qual estamos inseridos, desde o local, nacional e global. Sem entender como funciona a sociedade e os interesses que estão por trás de cada ato, fica mais difícil pensar ações que possam mudar essa realidade. É necessário construir um currículo a partir da realidade dos sujeitos e que estes devem ser envolvidos nesta construção”, avaliou a professora que defendeu que a Educação do Campo deve fazer o contraponto ao modelo convencional.
“Precisamos defender as conquista alcançadas nos últimos tempos. O objetivo do curso de licenciatura em educação do campo é formar educadores capazes de intervir nos territórios para a melhoria das condições de vida das comunidades camponesas, tendo como foco a sustentabilidade, a agroecologia”, destacou a professora.
Investimentos em Educação em Domingos Martins
Durante o seminário, o inspetor escolar e mestre em educação, Leonardo Barth, fez uma avaliação sobre como está a educação em Domingos Martins. “O município tem saído na frente em muitas questões. Tem se buscado dar passos de acordo com as condições do orçamento. Olhando para a situação nacional do país, o município também tem enfrentado dificuldades econômicas que impedem que outros passos sejam dados”, pontuo, apresentando uma planilha em que compara números referentes aos investimentos e as ações realizadas no município no âmbito da educação, em relação a outros municípios do estado.
Ao final da atividade, os participantes puderam expor suas opiniões e fazer questionamentos aos palestrantes, e apresentaram algumas sugestões para dar continuidade ao tema. Entre as proposições estão: levar o debate para as comunidades do interior, além do engajamento de igreja e agentes comunitários e de saúde no processo. “Aqueles que se fizeram presentes estão de parabéns e têm a responsabilidade de levar o debate para suas comunidades, para as escolas e outros espaços coletivos”, finalizaram os professores Elizabete e Alessandro.