Monique Ferbek
Um novo jeito de pensar e fazer a Biblioteca. Este é o desafio comum em todo o país, com o avanço das tecnologias. Se com apenas um clique, temos acervos e dados às mãos, de que forma o espaço físico pode atuar no estímulo à leitura e atividades culturais?
Para reprogramar o seu papel, a Biblioteca Municipal “Argentinas Lopes Tristão”, sediada em Campinho, faz parte do ProjetoRecode, iniciativa que busca transformar o papel desses espaços tradicionais por meio da inovação, ampliando sua relevância no acesso à informação, cultura e conhecimento. O projeto tem patrocínio da Fundação Bill & Melina Gates e apoio do Sistema Nacional de Bibliotecas Públicas. No Espírito Santo só há duas selecionadas neste projeto.
Mas engana-se quem pensa que inovar no ambiente da biblioteca resume-se apenas a contar com computadores ou digitalizar acervos. “Os bibliotecários atuam como agentes de transformação, desenvolvendo projetos que melhoram o acesso à informação e à qualidade de vida da comunidade, por meio da oferta de serviços e espaços de aprendizagem e troca de ideias”, explica a bibliotecária Ana Maria Silva.
Com isso, a Biblioteca Municipal tem uma nova tarefa: a de fazer com que o local vá muito além do empréstimo de livros, visão que muitos ainda têm. Busca-se a atratividade e diversificação dos serviços para estímulo da leitura e mais: recodificá-lo para ser agente de mudança social. E de que forma isto está sendo feito em Domingos Martins? Você confere abaixo:
Renovação na Biblioteca
As ações desenvolvidas na Biblioteca provam que é possível usar a tecnologia para auxiliar na transformação da sociedade. Com esta filosofia, a Biblioteca já está fomentando atividades com o objetivo de difusão do conhecimento e a promoção da educação cidadã. “Há um engano no pensar que a tecnologia veio para atrapalhar a leitura, na verdade ela é positiva e pode nos ajudar no sentido de agregar à forma como trabalhamos o conteúdo. O hábito de leitura permanece, o que muda é a plataforma em que é feita”, completa Ana.
Recentemente, nos meses de junho e julho, a equipe martinense organizou uma exposição sobre os 400 anos da morte de Shakespeare e Cervantes, com a utilização da tecnologia em prol do incentivo à leitura. Além da visita e leitura dos clássicos dos autores, os participantes eram convidados a visitar a Biblioteca Virtual de Cervantes. Paralelamente havia contação de histórias adaptadas de suas obras, contribuindo para o envolvimento e engajamento.
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E não para por aí. Já estão sendo organizadas as próximas atividades nesta linha de pensamento. No fim de agosto haverá o Campeonato de Jogos Digitais, com a presença de profissionais da área de jogos para falar sobre o trabalho de desenvolvimento de jogos e programação no Espírito Santo.
Ana ressalta ainda outra iniciativa para este ano: o Clube da Leitura do Minecraft, jogo da Microsoft. “Nós leremos um livro sobre o jogo, com histórias e faremos a roda de leitura. Em um segundo momento, haverá o período para jogar. Posteriormente, crianças de 12 e 13 anos aprenderão a como programar jogos. Vai muito além do entretenimento: é o conhecer, jogar e fazer”, destaca.
Ainda neste ano, será oferecido um curso de tecnologia para idosos, com a temática ‘Desmistificando a máquina’, com noções básicas de computador para quem ainda não domina esta habilidade. “Estamos em processo de fechamento de parceria com a Apae, com a temática ‘Empoderamento Digital para pessoas com déficit intelectual’. Outro projeto em fase de construção está o de empreendedorismo social para indivíduos em situações de vulnerabilidade”, sinalizou.
“Queremos que a Biblioteca seja espaço de desenvolvimento social, de turismo, de cultura, de leitura, entretenimento. É esse conceito que estamos trabalhando aqui em Domingos Martins. O espaço está se estruturando para isso, já que agora temos um local adequado para promover esse trabalho e precisamos de todos engajados”, finalizou a bibliotecária.
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